segunda-feira, outubro 22, 2012

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Assunto: Aula 2 semana de 22 a 28 de Outubro 2012

Olá pessoal, de acordo com a aula 2 dessa semana fiz um resumo de Comenius, um dos teóricos comentados no texto e sobre a ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente.
Posso dizer que só por ver esse resumo, me tornei fã de Comenius - vejam os grifos que fiz. 
BONS ESTUDOS E BOM PROVEITO

Comenius: por uma educação de qualidade e sem ideologias políticas
Frase de Comenius: "Deve-se começar a formação muito cedo, pois não se deve passar a vida a aprender, mas a fazer" Johann Amos Comenius (1592 - 1670) foi educador e bispo protestante checo. Já naquela época, Comenius pensava em educar crianças menores de seis anos e de diferentes condições sociais.
Foi um dos primeiros a pensar na educação das crianças e a reconhecer o valor da educação para elas. A primeira educação da criança era introduzida pelo "colo da mãe" sendo desenvolvido dentro dos lares, defendendo então a importância da tarefa dos pais quanto à educação de seus filhos.
Comenius defendia que o cultivo dos sentidos e da imaginação precedia o desenvolvimento racional. Para o desenvolvimento da criança eram necessários materiais diversos que seriam internalizados, tornando assim a experiência mais concreta e a possibilidade do brincar e do aprender pelos sentidos.
Foi em 1657 que Comenius usou a imagem de "jardim-de-infância" onde as "arvorezinhas plantadas" seriam regadas sendo assim comparada com o lugar da educação das crianças pequenas, revelando a sua mais conhecida obra, a Didactica Magna (1633), onde faz analogia entre a educação de crianças e o cultivo de plantas.
Comenius organizou a didática em quatro períodos: a infância, a puerícia, a adolescência e a juventude. Comenius foi um importante pensador que introduziu questionamentos acerca da educação de crianças menores de seis anos e o que elas deveriam aprender.
Comenius foi o criador da Didática Moderna e um dos maiores educadores do século XVII; já no século 17, ele concebeu uma teoria humanista e espiritualista da formação do homem que resultou em propostas pedagógicas hoje consagradas ou tidas como muito avançadas.
Entre essas ideias estavam: o respeito ao estágio de desenvolvimento da criança no processo de aprendizagem, a construção do conhecimento através da experiência, da observação e da ação e uma educação sem punição mas com diálogo, exemplo e ambiente adequado.
Comenius pregava ainda a necessidade da interdisciplinaridade, da afetividade do educador e de um ambiente escolar arejado, bonito, com espaço livre e ecológico.
Estão ainda entre as ações propostas pelo educador checo: coerência de propósitos educacionais entre família e escola, desenvolvimento do raciocínio lógico e do espírito científico e a formação do homem religioso, social, político, racional, afetivo e moral.
Jan Amos Komenský, nome original de Comenius, nasceu em 28 de março de 1592, na cidade de Uherský Brod (ou Nivnitz), na Moravia, região da Europa central pertencente ao antigo Reino da Boêmia (atual República Tcheca).
Com a morte dos pais, vence muitas adversidades e estudou Teologia na Faculdade Calvinista de Herbon (Nassau) onde foi aluno de Alsted e se familiarizou com a obra de Ratke sobre o ensino das Línguas.
Começou nessa época a elaboração de um Glossário Latino-Checo no qual trabalhou cerca de 40 anos e que perdeu quando Leszno, cidade em que então vivia (1656) foi invadida por um exército católico e incendiada.
Com 26 anos de idade, regressa à Morávia. Foi professor na sua antiga escola e tornou-se pastor religioso em Fulnek. Assume então o encargo de dirigir as escolas do Norte da Morávia. Mas a insurreição da Boemia, que praticamente dá início à guerra dos 30 anos, vai marcar em definitivo a sua vida.
A guerra político-religiosa e que foi também uma guerra civil com brutal perseguição aos não católicos, obrigou Comenius a deixar a sua igreja e a entrar em clandestinidade. As perseguições religiosas acentuam-se e Comenius trabalha para ajudar os seus irmãos na fé.
Expulso da Boemia em 1628efugiou-se em Leszno, na Polonia. A partir daí, e durante 42 anos, percorre a Europa (não católica) trabalhando sem descanso pelo seu país e pelos projetos científicos e educacionais que o movem.
Alimenta e divulga o seu sonho reformista de, por meio da Pansophia (Pansofia), promover a harmonia entre os indivíduos e as nações.
Desenvolve então suas principais idéias sobre educação e aprofunda um dos grandes problemas epistemológicos do seu tempo – que era o do método. Escreveu a Janua Linguarum Reserata e a Didactica Magna (1633-38), sempre buscando seus objetivos fundamentais "de uma reforma radical do conhecimento humano e da educação" – unidos e sistematizados numa ciência universal.
Alguns amigos tentaram fazê-lo sair de Leszno e fizeram chegar o seu trabalho ao conhecimento de Luis de Geer, filantropo sueco de origem alemã. Foram esses mesmos amigos que publicaram uma obra sua, com o título Prodomus Pansophiae, livro esse que mereceu a atenção do próprio Descartes. Em 1641, vai para Londres com a missão de estabelecer algum entendimento entre o Rei e o Parlamento, e fundar um círculo de colaboração pansófica. Aí permaneceu durante um ano.
Em 1642 recebe um convite de Luís de Geer e do governo de Estocolmo para promover a reforma do sistema escolar da Suécia, onde permaneceu por seis anos, porém, sua missão na Suécia não teve o êxito esperado, pois suas ideias, particularmente as religiosas, não foram bem aceites pelos luteranos suecos.
Em 1648 estabelece-se em Elbing, na Prússia oriental, (então território sueco) e escreve o Novissima Linguarum Methodus, publicado em Leszno.
Começou nova obra com vistas à reforma universal da sociedade, trabalho este que o autor não chegou a concluir e que era o De rerum humanorum emendatione Consultatio catholica ; sendo que segundo muitos autores esta obra inacabada é a que mostra de modo mais claro a grande consistência entre o seu pensamento filosófico, educacional e social.
Todos os pesquisadores são unânimes em apontar a Didacta Magna ou A Grande Didacta, como sendo sua obra-prima e sua maior contribuição para o pensamento educacional.
Comenius escreveu ainda O Labirinto do Mundo (1623), Didactica checa (1627), Guia da Escola Materna (1630),
Porta Aberta das Línguas (1631), Didacta Magna (versão latina da Didactica checa) (1631),
Novíssimo Método das Línguas (1647), O Mundo Ilustrado (1651), Opera didactica omnia ab anno 1627 ad 1657 (1657),
Consulta Universal Sobre o Melhoramento dos Négocios Humanos (1657), O Anjo da Paz (1667) e A Única Coisa Necessária (1668) entre outros.
Continuou a ter uma vida bastante atribulada e movimentada, produzindo cerca de 200 títulos, vindo a morrer no dia 15 de novembro de 1670, em Amsterdam.
Comenius: o Pai da Didática ModernaComenius, uma voz quase solitária em seu tempo, defendia a escola como o "locus" fundamental da educação do homem, sintetizando seus ideais educativos na máxima: "Ensinar tudo a todos", e que para ele (1997, p.95), significava os fundamentos, os princípios que permitiriam ao homem se colocar no mundo não apenas como espectador, mas, acima de tudo, como ator.
O objetivo central da educação comeniana era formar o bom cristão, o que deveria ser sábio nos pensamentos, dotado de verdadeira fé em Deus e capaz de praticar ações virtuosas, estendendo-se à todos: os pobres, os portadores de deficiências, os ricos, às mulheres.
Suas concepções teóricas apresentavam consistência na articulação entre suas diversas facetas: do filosófico ao religioso, passando pela organização e divulgação do saber, pelo processo educativo de todos, e pela reforma da sociedade; mas, nem por isso pode garantir que fossem postas em prática de uma maneira mais ampla ou que obtivessem à sua época um maior reconhecimento de seus pressupostos inovadores; logicamente no contexto histórico da época e também da trajetória de vida do autor.
Não podemos desvincular o que uma pessoa faz, da sua filosofia de vida, seus ideais, sonhos, frustrações e experiências. Sua obra deve ser analisada no contexto em que surgiu: o Renascimento e a Reforma religiosa.
No que diz respeito à Educação o ideal pansófico evidencia-se no desejo e possibilidades de ensinar tudo e todos. Esta necessidade se forjava e se sustentava na crença de que Deus, em sua infinita bondade, colocara a redenção ao alcance da maioria dos seres humanos, mas para tanto era necessário educá-los convenientemente.
Dizendo em outras palavras, para o autor, negar oportunidades educacionais era antes ofender a Deus do que aos homens.
A Pansophia constitui uma forma de organização do saber, um projeto educativo e um ideal de vida. Para que se obtenha esse ideal o processo a ser desenvolvido é a Pampaedia , ou educação universal através da qual se conseguirá a reforma global das "coisas humanas" e um mundo perfeito ou Panorthosia.
Comenius aponta como necessária a constante busca do desenvolvimento do indivíduo e do grupo, pois um melhor conhecimento de si mesmo e uma melhor capacidade de autocrítica levam a uma melhor vida social, assim como deve haver a solidez moral que pode ser conseguida por meio da educação. Para ele, didática é ao mesmo tempo processo e tratado. É tanto o ato de ensinar como a arte de ensinar. A arte de ensinar é sublime, pois destina-se a formar o homem, é uma ação do professor no aluno, tornando-o diferente do que era antes. Ensinar pressupõe conteúdo a ser transmitido, e eles são postos pela própria natureza: são a instrução, a moral e a religião.
O conhecimento que temos da natureza serve de modelo para a exploração e conhecimento de nós próprios. Mas não é a natureza "natural" o exemplo a ser imitado, mas a natureza "social".
Sua proposta pedagógica dirige-se, sobretudo à razão humana, convocando-a a assumir uma atitude de pesquisa diante do universo e de visão integrada das coisas. Pretendia que o homem deve ser educado com vistas à eternidade, pois, sendo Espírito imortal, sua educação deveria transcender a mera realização terrena. Salientava a importância da educação formal de crianças pequenas e preconizou a criação de escolas maternais por toda parte, pois deste modo às crianças teriam oportunidades de adquirir desde cedo as noções elementares das ciências que estudariam mais tarde.
Comenius defendia a ideia de que a aprendizagem se iniciava pelos sentidos, pois as impressões sensoriais obtidas através da experiência com objetos seriam internalizadas e, mais tarde, interpretadas pela razão. Seu método didático constituiu-se basicamente de três elementos: compreensão, retenção e práticas. Através delas se pode chegar a três qualidades fundamentais: erudição, virtude e religião, as quais correspondem três faculdades que é preciso adquirir: intelecto, vontade e memória. O método deve seguir os seguintes momentos: tudo o que se deve saber deve ser ensinado; qualquer coisa que se ensine deverá ser ensinada em sua aplicação prática, no seu uso definido; deve ensinar-se de maneira direta e clara; ensinar a verdadeira natureza das coisas, partindo de suas causas; explicar primeiro os princípios gerais; ensinar as coisas em seu devido tempo; não abandonar nenhum assunto até sua perfeita compreensão; dar a devida importância às diferenças que existem entre as coisas.
A obra de Comenius constitui-se num paradigma do saber sobre a educação da infância e da juventude, através de uma "nova tecnologia social": a escola.
A Didática Magna apresenta as características fundamentais da instituição escolar moderna.
Entre elas podemos apontar: a construção da infância moderna já como forma da uma pedagogização dessa infância por meio da escolaridade formal; uma aliança entre a família e a escola por meio da qual a criança vai se soltando a influência da órbita familiar para a órbita escolar; uma forma de organização da transmissão dos saberes baseada no método de instrução simultânea, agrupando-se os alunos e, não menos importante, a construção de um lugar de educador, de mestre, reservado para o adulto portador de um saber legítimo.
Tal plano se desenvolve tendo em vista a evolução do homem ___ da infância à juventude já ____ antecipando ROUSSEAU.
O método único e seus fundamentos naturais "não se consegue de uma só semente produzir a mesma árvore? De um só método farei alunos capazes!".
Eis as razões pelas quais para o autor o de um só método se justifica: o fim é o mesmo: sabedoria, moral e perfeição; todos são dotados da mesma natureza humana, apesar de terem inteligências diversas; a diversidade das inteligências é tão somente um excesso ou deficiência da harmonia natural; o melhor momento para remediar excessos e deficiências acontece quando as inteligências são novas.

O ato de brincar contribui para o desenvolvimento saudável e equilibrado, mais do que uma simples diversão, o lazer é uma forma de a criança pesquisar, aprender e descobrir novas possibilidades, além de experimentar papéis sociais diferentes e ampliar a interação com os outros.
A brincadeira ajuda a formar adultos menos violentos e pessoas mais criativas, traz diversas vantagens. Nela, são trabalhados conceitos como limites, regras, direitos e deveres, que são questões presentes em qualquer aspecto da vida. Quando a criança respeita isso na hora da diversão, aprende a respeitar também em seu cotidiano.
Aqueles que brincam, especialmente na primeira infância, período que vai do nascimento aos seis anos, desenvolvem melhor suas habilidades sociais.
Direito- O direito à brincadeira e ao lazer ainda não é integralmente respeitado no Brasil, apesar de ser um direito assegurado pelo artigo 227 da Constituição.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) expressa como parte do direito à liberdade brincar, praticar esportes e divertir-se. Assim, colaborar para que as crianças tenham acesso à brincadeira não é dever apenas dos governos e dos pais, mas também de todos os cidadãos.
Atuar para que esse direito seja assegurado é colaborar para o cumprimento das leis.
Lazer das crianças é um direito pouco respeitado no Brasil
Segundo o princípio 7º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, "a criança deve ter plena oportunidade para brincar e para se dedicar a atividades recreativas". Os artigos 4 e 16 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) reafirmam esse direito, legitimado ainda pelo artigo 227 da Constituição Federal de 1988. Mas, na prática, a brincadeira está longe de ser uma prioridade para muitas crianças brasileiras.
Apontado por especialistas como uma ferramenta fundamental no desenvolvimento da criança, o lazer tem sido negligenciado por pais, educadores e pelo próprio poder público. É o que afirma a assistente social Marilena Flores. "As pessoas desconhecem a importância da chamada ludo-pedagogia. A brincadeira não é apenas distração, mas uma possibilidade de aprendizado", diz.
Há doze anos, a associação organiza eventos, projetos e campanhas de conscientização para garantir a meninos e meninas o acesso a atividades lúdicas e culturais.  A assistente social acredita que a falta de espaços apropriados para as crianças se divertirem é um reflexo do descaso com que o assunto é tratado. "Precisamos de mais praças, parques e outros locais públicos que apresentem boas condições físicas e de segurança", completa.
Esconde-esconde, cabra-cega, amarelinha e outras brincadeiras de rua estão sendo praticamente extintas  com o tempo. A violência crescente e a movimentação do trânsito são fatores que restringem as crianças a procurar diversão dentro de casa, geralmente recorrendo à televisão e aos jogos eletrônicos.
Matricular os pequenos em diversas aulas complementares - como as de inglês, esporte e música - é uma solução encontrada por muitos pais atualmente. Mas, para Marli Campos, o brincar não deve ser deixado para segundo plano. "O excesso de atividades pode sobrecarregar a criança, gerando situações de angústia e estresse. A brincadeira é o momento que ela tem para relaxar e extravasar suas emoções", lembra.
A criança que não tem muitas oportunidades para brincar livremente e que não compartilha com os pais esses momentos de descontração pode apresentar problemas comportamentais no futuro. Dificuldades de expressão e de socialização são alguns deles. Quando brinca, ela desenvolve o pensamento criativo, a coordenação motora, aprende regras de convivência e cooperação, além de exprimir seus medos, desejos e expectativas. Em outras palavras, garante um crescimento saudável e possibilita a formação de um adulto autônomo e equilibrado.
A questão esbarra ainda em indicadores sociais que demonstram que muitas crianças brasileiras não têm a chance de ser apenas crianças. A Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (Pnad) realizada anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que hoje 2,1 milhões de jovens entre 5 e 17 anos trabalham, principalmente na agricultura e em afazeres domésticos. Responsáveis por grande parte da renda familiar, esses jovens são precocemente retirados do mundo de jogos, brincadeiras e aprendizagem a que deveriam ter acesso, comprometendo, assim, seu desenvolvimento afetivo e intelectual.
Para Vital Didonet: "Infelizmente nem a sociedade nem o governo dão prioridade aos direitos da infância. E não tendo prioridade política, eles acabam não dispondo de muitos recursos financeiros", afirma. A solução, segundo ele, estaria na articulação entre diferentes setores sociais. "A integração das organizações é um processo difícil e lento, mas que deve ser buscada como forma de avançar no atendimento às necessidades da criança", enfatiza.
Pelo direito de brincar - O Plano Nacional para a Primeira Infância pretende conscientizar a sociedade sobre a importância de garantir às crianças o direito à brincadeira. Para isso, foram traçadas estratégias que orientem a formulação de políticas públicas voltadas a meninos e meninas de até seis anos. Temas como  saúde e mortalidade infantil, violência, registro civil, crianças indígenas e quilombolas, educação, assistência social, situação de rua e meio ambiente também foram incluídos no projeto.
O documento, elaborado pela Rede Nacional Primeira Infância, tem a proposta de estabelecer um plano a longo prazo que seja formulado democraticamente, com a participação de diversos setores sociais. As metas têm o prazo de catorze anos para serem cumpridas. Se aprovadas pelo Poder Legislativo, darão origem a uma política de Estado, que deve ser realizada independente da sucessão de governos.
Segundo o coordenador Vital Didonet, essa é uma característica importante para o sucesso do projeto. "A descontinuidade dos planos governamentais é uma característica histórica, responsável pelo lento avanço nas políticas públicas. Se cada governo tiver a obrigação de assumir a responsabilidade pelas metas, essa cultura pode ser mudada", afirma.
Especialistas destacam a importância do brincar na formação de adultos autônomos
No dia 24 de agosto se comemora o Dia da Infância, data dedicada à reflexão sobre as condições sociais e econômicas nas quais as crianças vivem em todo o mundo. Segundo dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 2011, cerca de 63% das crianças que viviam na região se encontravam em situação de pobreza.
Crianças e adolescentes, devido à fase peculiar de desenvolvimento em que se encontram, devem ser tratados como prioridade absoluta na elaboração de políticas públicas que protejam e garantam o exercício pleno de seus direitos. Porém, existe um direito de meninos e meninas que muitas vezes passa despercebido, como se fosse menos importante ou supérfluo: o direito de brincar.
A professora da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e líder do Núcleo de Estudos e Pesquisas do Brincar, Infância e Diferentes Contextos, Cleide Vitor Mussini Batista, explica que o direito de brincar é reconhecido internacionalmente desde 1959, com a assinatura da Declaração Universal dos Direitos da Criança, que prevê o brincar como uma vertente do direito à liberdade de meninos e meninas. “O brincar é a ação própria da infância e um dos elementos formadores da personalidade infantil. É um fator determinante no desenvolvimento emocional, psíquico, cognitivo e social da criança.”, diz Batista.
De acordo com Clóvis Boufleur, gestor de relações institucionais da Pastoral da Criança, assim como meninos e meninas precisam de amor, atenção e alimento, eles também precisam brincar. “Algumas pessoas ainda acreditam que as crianças brincam apenas por prazer. Mas é através da brincadeira que a criança recria as ações e situações do seu dia, procura entender o significado das atividades realizadas pelos adultos, os valores e costumes de sua família e do lugar onde vive. Ao brincar, ela aprimora seus sentidos e movimentos, desenvolve sua linguagem e seu pensamento”, conta Boufleur.
Dada a importância dessa atividade para o desenvolvimento da criança, a Pastoral incentiva o ato de brincar nas comunidades por meio do projeto Brinquedos e Brincadeiras, que complementa as ações básicas voltadas à saúde, nutrição, educação e cidadania realizadas pela Pastoral. O projeto teve início em 1995 e utiliza um sacolão de brinquedos para garantir e incentivar que o direito de brincar seja respeitado. “O objetivo é aumentar o interesse pelo brincar e pelas atividades de lazer nas comunidades, apoiando as famílias na criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento e educação de suas crianças”, diz Boufleur. Entre as 45.442 comunidades acompanhadas pela Pastoral da Criança, 8.909 delas já contam com pessoas capacitadas para realizar a ação.
Para Renata Meirelles, criadora, coordenadora e educadora responsável pelo projeto Território do Brincar, desenvolvido em parceria com o Instituto Alana, o brincar é a linguagem da criança. “A relação com a brincadeira é de comunicação, de expressão. Quanto mais você tem esse canal aberto para o brincar livre, espontâneo, autônomo, mais você busca sua expressão e encontra seus potenciais, sua forma de linguagem”, diz.
Falta de espaço e tempo
Espaços públicos para que as crianças exerçam um brincar livre são cada vez mais escassos. Devido aos altos índices de violência, principalmente nos grandes centros urbanos, as ruas e as praças já não são mais locais seguros para meninos e meninas trocarem experiências e compartilharem momentos de diversão juntos. Esses encontros, quando acontecem, são sempre localizados dentro de instituições, como a escola, e supervisionados e coordenados por um adulto, que diz às crianças do que brincar, quando e como.
Para Renata Meirelles, a diminuição desses espaços onde o brincar acontece livremente pode gerar adultos menos autônomos. “As crianças nessas condições estão recebendo as coisas muito prontas, sempre há alguém dando regras, dizendo como fazer. Com isso elas vão crescendo sem saber do que gostam e, para mim, isso é grave, porque mais tarde essas crianças vão se transformar em adultos muito susceptíveis ao desejo do outro, vulneráveis ao que os outros dizem para fazer em relação à política, ao consumo etc.”, comenta.
Além da falta de espaços, há também a escassez de tempo para o brincar, que é sempre deixado para depois em favor de afazeres diários e instrutivos marcados pelos pais. Para Cleide Vitor Mussini Batista, professora da UEL, muita vezes pais e sociedade adotam uma postura que menospreza os interesses da infância, buscando disciplinar as crianças para que, no futuro, tornem-se adultos bem sucedidos. Entretanto, para ela, esse excesso de afazeres e disciplina pode gerar um adulto dócil, submisso à autoridade e medroso.
“É relevante que seja assegurado à criança a liberdade de brincar e dispor do tempo, no cotidiano familiar e escolar, para o pleno desenvolvimento de sua personalidade e de suas potencialidades. Libertar a criança é reconhecer o direito de, na medida do possível, dar-lhe a chance de governar a si própria e de ser ela própria. Em outras palavras, libertá-las é não abafar suas almas e tirar a oportunidade de serem elas mesmas”, diz Batista.
O que diz o ECA?
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:
IV – brincar, praticar esportes e divertir-se;


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    "A verdadeira dimensão de um homem vem do modo como ele trata quem não pode fazer nada por ele". Samuel Johnson
 
   "Embora o mundo esteja cheio de sofrer, está cheio também de formas de superá-lo. Meu otimismo, então, não descansa na ausência do ruím, mas em uma opinião contente no preponderante de bom e de um esforço disposto a cooperar sempre com o bom, que pode prevalecer." (Helen Keller)

"Obstáculo é aquilo que se vê quando se tira os olhos do objetivo"

 Marcos Antonio Pizzelli

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